LUTA AO SEGUNDO E PROMESSAS DE DUELO ATÉ AO FIM NOS ESTRADÕES DO ALENTEJO
BP ULTIMATE RALLY RAID PORTUGAL ARRANCA COM DIFERENÇAS CURTAS E COMPETIÇÃO AO RUBRO
LUTA AO SEGUNDO E PROMESSAS DE DUELO ATÉ AO FIM NOS ESTRADÕES DO ALENTEJO
A poeira mal assentou, mas já se adivinha uma batalha cerrada no bp Ultimate Rally Raid Portugal, onde Henk Lategan (Toyota) abriu as hostilidades com autoridade, liderando o primeiro setor cronometrado com um ritmo implacável. Com apenas 1m48s de vantagem sobre Nasser Al Attiyah, tudo permanece em aberto — e a classificação é um mapa de pressões crescentes e duelos milimétricos.
A 1.ª seção, disputada esta manhã nos estradões técnicos e velozes do Alentejo, não concedeu tréguas. Desde as primeiras horas em Grândola, pilotos de motos e carros enfrentaram um traçado onde o risco e a ousadia ditaram o tom. O cenário não era de contemplação: terra solta, curvas traiçoeiras e velocidade constante. Um convite para erros, mas também para afirmações.
AUTOS: LIDERANÇA EM DISPUTA E PRESSÃO À FLOR DA TERRA
Nos carros, a dança pela liderança foi intensa. Lategan soube gerir a pressão e responder com aceleração, superando os ataques de nomes como João Ferreira, que chegou a comandar com brilho mas caiu para o quarto posto após pequenos problemas na parte final. A quebra do ritmo de Ferreira não apagou o seu desempenho — foi o melhor português em prova e mostrou que o Toyota Hilux T1+ Evo pode bem lutar pelo pódio final.
Mais atrás, Al Attiyah, mesmo com danos visíveis na carroçaria do seu Dacia Sandrider, manteve um ritmo teimoso e eficaz. A perda de peças não abalou o campeão, que continua a ser um adversário perigoso e constante. Já Carlos Sainz, vítima de um furo, viu o cronómetro castigar-lhe as ambições logo à primeira oportunidade.
A margem entre os cinco primeiros — cerca de três minutos — é sintoma de um pelotão altamente competitivo, onde a consistência pode valer mais do que o espetáculo puro.
MOTOS: DOMÍNIO CLARO E PROMESSAS ADIADAS
Se entre os carros tudo parece em aberto, nas motos houve um nome que não quis deixar margem para dúvidas: Daniel Sanders. O piloto da KTM foi uma locomotiva laranja no meio da paisagem alentejana, cravando os melhores tempos em todos os pontos intermédios e cruzando a meta com 50 segundos de vantagem sobre Adrien Van Beveren e mais de um minuto sobre Tosha Schareina, ambos da Honda.
A Honda, apesar do esforço coletivo, teve de ceder ao ímpeto de Sanders — embora o duelo prometido para os próximos dias esteja lançado. Mais atrás, Bruno Santos foi o português mais eficaz, concluindo em 12.º com mais de 10 minutos de atraso. A nota amarga foi para Martim Ventura, que andou nos lugares da frente e liderava a Rally2, mas viu a sorte evaporar-se com um problema mecânico que lhe custou 40 minutos.
BALANÇO: COMPETITIVIDADE À FLOR DO CRONÓMETRO
A 1.ª seção do Rally Raid não só confirmou expectativas como adensou incertezas. Lategan provou que está aqui para lutar sem reservas, enquanto Al Attiyah e Ferreira deixaram claro que ainda há muito pó para levantar. Nas motos, o domínio de Sanders é uma referência, mas não uma sentença — os adversários estão perto e as próximas etapas podem virar a maré.
Com a competição ainda nos seus primeiros compassos, o bp Ultimate Rally Raid Portugal oferece já uma promessa rara: a de um rali onde o tempo se mede ao segundo, mas a glória só se alcançará ao milímetro.

